Dom José Francisco, Arcebispo Metropolitano de Niterói, presidiu , na noite do dia 22 de fevereiro, a tradicional missa da quarta-feira de cinzas, que marca o início da Quaresma , no calendário cristão. A Santa Missa aconteceu na Catedral Metropolitana São João Batista e teve como concelebrantes, Dom Geraldo de Paula, Bispo Auxiliar, Dom Frei Alano, Arcebispo Emérito, o Padre Wallace e o Diácono Renato.
A Missa contou com a presença de centenas de fiéis, que compareceram para receberem as cinzas na testa, como símbolo de arrependimento, perante Deus e lembrança da própria mortalidade: do pó viemos , ao pó voltaremos.
A Quaresma é um período de preparação para a Páscoa, que se inicia com a distribuição de cinzas, recordando nossa fragilidade humana e a misericórdia de Deus. É um período marcado pela penitência e conversão, quando devemos ter uma atitude de reflexão, reconhecendo o amor misericordioso de Deus, que nos ama, nos perdoa e nos chama à conversão.
De acordo com Dom José Francisco, é o tempo de reconhecer nossas fraquezas e confiar no amor restaurador de Deus. Em sua homilia, disse o Arcebispo: “Iniciamos, em comunhão com a Igreja, o tempo da Quaresma e , mais uma vez , ressoa em nós o forte apelo à conversão. Conversão proposta pela Igreja do Brasil, com a Campanha da Fraternidade, conversão proposta pelo Papa Francisco chamando-nos para a ascese quaresmal como um itinerário sinodal. Quando falamos de conversão, estamos nos referindo a um estilo de vida diferente, a uma mudança qualitativa de vida, como nos propõe o profeta Joel: Voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai os corações e não as vestes; e voltai para o Senhor...”.
“A Quaresma é, sobretudo, um tempo para nos deixarmos olhar pelo Senhor e converter nossa visão para o jeito de Deus olhar. Deus é Aquele que olha, mas o seu olhar é amoroso e traduz a infinita ternura do seu coração; seu olhar é cheio de misericórdia e perdão que nos salva. Ele nos olha com todas as nossas possibilidades e nos convida a lhe responder com liberdade. O seu Amor não cessa de nos criar, despertando em nós momentos de ressurreição. Sob o Seu olhar , existe sempre a possibilidade de renovação, de recriação, de transformação. O olhar de Deus é um olhar inovador, olhar comprometido que faz acontecer o novo. Um olhar sem rancor, sem julgamento.“, destacou o Arcebispo e complementou: “Quaresma é um tempo para nos deixar olhar por Deus, para descobrir o olhar em cada irmão e aprendermos a olhar o outro como Deus olha… Porque um olhar seu, bastará para ‘converter-nos e crer no Evangelho.’ “
O Arcebispo aproveitou para destacar a Campanha da Fraternidade 2023. Disse ele: “A liturgia quaresmal nos propõe , também , o jejum. A novidade não está ,apenas , em reduzir o que comemos. Mas ,também , o jejum tem a ver com olhar, tem a ver com olhar-se a si mesmo, tem a ver com fixar-se naquilo que nos alimenta. O jejum pode ser, talvez, a prática de olharmos com mais compaixão. Em outras palavras, afastarmos de nós aquele olhar possessivo que nos destrói por dentro, que nos faz mal, que nos impede de sermos nós mesmos. Com o jejum , aprendemos a conhecer e a ordenar nossos diferentes apetites mediante a moderação do apetite fundamental e vital: a fome. Aprendemos, desta maneira, a regular nossas relações com os outros, com a realidade exterior e com Deus. Ao mesmo tempo, o jejum nos desperta a ‘fome essencial’: fome de sentido, fome do Reino, fome em favor da vida.”. O Arcebispo Metropolitano acrescentou : “Hoje, também , iniciamos a Campanha da Fraternidade 2023. O tema Fraternidade e fome, e o lema ‘ Dai- lhes vós mesmos de comer! (Mt 14,16) ‘ e vão ocupar nossas mentes e corações neste ano.“
Com as palavras do Santo Padre, Dom José prosseguiu seu sermão, utilizando palavras do Santo Padre: “ ( …) desejo, igualmente, que esta conscientização pessoal ressoe em nossas estruturas paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo em âmbito federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome. Lembremo-nos de que ‘aqueles que sofrem a miséria não são diferentes de nós. Têm a mesma carne e sangue que nós. Por isso, merecem que uma mão amiga os socorra e ajude, de modo que ninguém seja abandonado e, no nosso mundo, a fraternidade tenha direito de cidadania’. ( Mensagem 16/X/2018, n. 7).
“Amados irmãos e irmãs, vamos rezar, refletir, participar de iniciativas e da coleta da Campanha da Fraternidade, no Domingo de Ramos.”, lembrou Dom José Francisco, que concluiu: “As cinzas que vamos receber, agora, sejam expressão sincera do nosso desejo de conversão, de nos deixarmos olhar pelo amor misericordioso de Deus, para que o nosso olhar seja mais parecido com o olhar de Jesus. Vivamos a Quaresma como um tempo forte de alegria e transformação a caminho da Páscoa.”.
Seguiu-se a distribuição das cinzas, e , ao final da Santa Missa, o Arcebispo abençoou todos os presentes, e os que acompanhavam pelas Redes Sociais da Arquidiocese.
Por João Dias com fragmentos da homilia de Dom José
Foto: Reprodução do YouTube