A semana começa com novas nomeações na Cúria Romana, entre elas, a do português José Tolentino Calaça de Mendonça. Nesta segunda-feira (26), o Papa nomeou o cardeal como prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação. Até então, o arcebispo era arquivista e bibliotecário do Vaticano, cargo que agora será ocupado por dom Angelo Vincenzo Zani, até então secretário da antiga Congregação para a Educação Católica.
O novo “jardim” de Tolentino
O cardeal Tolentino nasceu em Funchal, na ilha portuguesa de Madeira, em 15 de dezembro de 1965. Foi ordenado sacerdote para a sua diocese de origem em 28 de julho de 1990, matriculou-se no Pontifício Instituto Bíblico em Roma no mesmo ano, obtendo a Licença em Ciências Bíblicas em 1992. Em 1995 ele se mudou para a capital de Portugal, servindo por cinco anos como capelão da Universidade Católica Portuguesa (UCP).
Em 2001 foi enviado a Roma como reitor, por dois anos, do Pontifício Colégio Português e, após o doutorado em Teologia Bíblica pela UCP em Lisboa, em 2004, tornou-se professor de Novo Testamento e Estética Teológica na Faculdade de Teologia da UCP em Lisboa (2004-2018). Também foi diretor da revista de estudos teológicos “Didaskalia” (2005-2012) e do Centro de Estudos de Religiões e Culturas (2012-2017) da própria universidade, e foi reitor da capela de Nossa Senhora da Bonança (2010-2018). Nomeado consultor do Pontifício Conselho da Cultura em 2011, ele se tornou vice-reitor da UCP, em Lisboa, no ano seguinte.
No Brasil, Tolentino ainda trabalhou como docente enviado nas Universidades Católicas de Pernambuco e Rio de Janeiro, e na Faculdade de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte. Publicou vários livros e artigos nos campos da teologia e da exegese, bem como obras poéticas, também com base na linguagem literária e filosófica.
Em 2018, o Papa Francisco o escolheu primeiro para pregar, de 18 a 23 de fevereiro, os exercícios espirituais para a Cúria Romana em Ariccia; e, depois, em 26 de junho, nomeou Tolentino como arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana, elevando-o ao mesmo tempo à Sé titular de Suava, com dignidade de arcebispo. Sobre a responsabilidade em assumir um dos patrimônios do Vaticano, Tolentino agradeceu na época a confiança do Papa, assegurou trabalhar com a vontade de “transmitir a beleza aos outros” e com a missão “de ajudar os semelhantes a olhar os lírios do campo”, seu lema episcopal. E acrescentou:
Tendo recebido a ordenação episcopal em Lisboa em 28 de julho, o Papa então o criou cardeal no Consistório de 5 de outubro de 2019, da Diaconia dos Santos Domingos e Sisto.
As outras nomeações do Papa
O Papa Francisco também nomeou nesta segunda-feira (26) o Pe. Giovanni Cesare Pagazzi como secretário do mesmo Dicastério para a Cultura e a Educação. Ele é professor de Eclesiologia e Comunidade Familiar no Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, em Roma, e também vice-diretor do Instituto de Ciências Religiosas Santo Agostinho, em Lodi. Desde outubro de 2021, é consultor do Dicastério para a Doutrina da Fé e colabora com o jornal vaticano L’Osservatore Romano.
Em 5 de junho deste ano, com a entrada em vigor da Constituição Apostólica Praedicate evangelium, a Congregação para a Educação Católica e o Pontifício Conselho da Cultura haviam sido suprimidos e suas respectivas competências atribuídas ao novo Dicastério para a Cultura e a Educação. À frente dos dois antigos dicastérios estavam, respectivamente, o cardeal Giuseppe Versaldi, 79 anos, e o cardeal Gianfranco Ravasi, que irá completar 80 anos no próximo dia 18 de outubro.
Já como novo arquivista e bibliotecário do Vaticano, o Papa Francisco nomeou dom Angelo Vincenzo Zani, arcebispo italiano de Volturno. Em 2002, nomeado subsecretário da Congregação para a Educação Católica, começou seu trabalho junto à Cúria Romana, passando a ser secretário da mesma congregação em 2012 até este ano, quando entrou em vigor a Praedicate evangelium.
Por Andressa Collet – Vatican News
Foto: divulgação-Vatican News