Eu sempre gostei de pensar que na passagem do tempo acontece uma vivência de eternidade, que a Igreja nos propõe, mesmo enquanto o tempo passa. Isso fica bem claro na atualização constante do Ano Litúrgico.
Quando abrimos o caminho do Advento e do Natal, celebramos as origens, o que esteve desde o começo, não o passado, mas o que passa constantemente à nossa frente e que corremos o risco de deixar passar, se nossa percepção não estiver aguçada. O Advento-Natal é a escola da permanência das bases, da atenção aos fundamentos, do quanto cada um de nós está enraizado no mesmo terreno fértil do Reino de Deus, não importa se aqui, no Japão, na África do Sul ou na Groenlândia.
Daí avançamos para o tempo da Quaresma-Páscoa. Esse é o hoje da Fé, o permanentemente atual, o que nunca muda porque jamais mudará. A convicção de que a estrada de Jesus nos faz passar pelo mesmo Jardim onde ele passou pelo horror de ser traído, pelo mesmo jardim onde ele foi depositado depois do horror da morte hedionda, gera um hoje com densidade e estrutura de eternidade. Se não há outro caminho, é porque sabemos o caminho. Vejam, queridos irmãos e irmãs, nessa época de mudança e desenraizamento, o quão significante é saber que existe o caminho e, mais ainda, caminhar com a convicção de tê-lo encontrado e estar nele.
E assim caminhamos, ao brilho do acerto, por maio e junho, em todas as Solenidades e Datas que nos confirmam o que já sabemos: Só Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Quando o mês de agosto se abre diante de nós, é o futuro que ele nos promete, é para o futuro que agosto nos convida a dirigir nosso olhar, é o futuro que ele coloca à nossa frente pedindo cuidado e atenção.
Futuro, como assim? Sim, o futuro. As vocações são o futuro da Igreja. O futuro exige uma catequese organizada e assertiva, pede envolvimento de pais e famílias nas motivações que mantém a Fé viva, pede coragem, discernimento e despojamento de jovens, rapazes e moças, que não tenham medo de ter medo diante da proposta estendida pela mesma mão cujo punho foi crucificado: Venham, não tenham medo, sou eu. Venham, não tenham medo de dar tudo: eu guardarei para vocês cem vezes mais, mil vezes mais. Venham, não tenham medo de abrir mão da própria vida: o que eu tenho a oferecer é a vida definitiva, eterna, muito mais ampla do que qualquer olhar seja capaz de enxergar, qualquer imaginação capaz de criar.
Agosto é o futuro. Daí em diante, setembro, outubro e novembro são os tempos que nos restam do tempo, um tempo que costumamos chamar de Comum, mas que de comum não tem nada. Esse tempo chamado de Comum é, na verdade, o grande tempo da novidade de Cristo, da sua abundância de dons, da sua atualidade, vivida, semanalmente, em cada novo Dia do Senhor que desponta com o sol de cada domingo, aurora de tempos novos, quando nunca mais haverá arrependimento nem dor, apenas a certeza, e ela tremulará como bandeira em dia de festa.
Depois disso, começa tudo outra vez. Mas nunca será outra vez, nada se repete. Porque o Senhor faz novas todas as coisas (Ap 21,5). E coisas novas nunca se repetem.
Para nos ajudar nesse percurso, a Arquidiocese de Niterói e a Comissão Arquidiocesana da Pastoral Familiar, em comunhão com a Igreja do Brasil, promovem a SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA 2015. O Tema central deste ano será: “O Amor é a nossa missão: a família plenamente viva”. Estamos vivendo esse momento em conformidade com o tempo da Igreja, na preparação do próximo Sínodo dos Bispos.
A SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA é um momento forte no qual a Pastoral Familiar, em articulação com as demais Pastorais, Iniciação à Vida Cristã, Movimentos, Serviços (Pastoral de Conjunto) e Escolas, intensifica seus esforços no sentido de evangelizar a família na globalidade de seus diversos aspectos e realidades. A celebração da Semana Nacional da Família não deve nem pode se restringir à Pastoral Familiar. Ela é apenas a Pastoral animadora. Queremos a integração de todas as famílias da comunidade. Como tudo que é humano, a família é planta forte e frágil, ao mesmo tempo. Todos que amam a família devem somar esforços para protegê-la e defendê-la das pressões externas que sofre, para aprimorar a qualidade de vida dentro de casa, na comunidade, nos grupos, nas Escolas e nas Paróquias.
A SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA será celebrada, em todo o Brasil, de 09 a 15 de agosto.
No dia 08 de agosto, em São Gonçalo, em frente ao SESI, às 17 horas, vai começar a CAMINHADA DAS FAMÍLIAS, um acontecimento ecumênico de louvor e reflexão sobre a beleza da família como obra-prima de Deus.
Vamos juntos. Vamos caminhar juntos, nos transformar juntos. Somente o que a gente planta, hoje, nos dará sombra no futuro. Confio o presente e o futuro da nossa Igreja de Niterói aos cuidados da Senhora Auxiliadora, Mãe de Deus e da Igreja, Mãe de todos os homens, de todos os tempos, do futuro, que nasce hoje, na bênção do presente.
A todos, deixo minha bênção no Senhor.
+ Dom José Francisco Rezende Dias
Arcebispo Metropolitano de Niterói