Muitos eventos ficarão sem palavras na nossa vida. Muitos sentimentos ficarão sem palavras na nossa vida. Um deles, na minha vida, sem dúvida, será o domingo, dia 12 de outubro passado, dia de Nossa Senhora Aparecida, Rainha, Mãe e Padroeira do Brasil. Um dia para todas as palavras, e para quase palavra nenhuma.
Deus deu o toque divino: o maravilhoso tempo que fez. Havia o sol e o vento refrescante. Um dia que não sairá da lembrança do bispo e da memória da Igreja Arquidiocesana. No domingo, dia 12 de outubro, nossa Igreja caminhou na direção da nova catedral. Caminhamos como o Povo de Deus no deserto. Mas não caminhamos sozinhos. Aliás, nunca caminhamos sozinhos. No deserto, o Senhor caminhava com seu povo na Arca da Aliança. Entre nós, ele caminhou na nova Arca da Aliança, Maria, Mãe de Deus. O convite foi feito e ela aceitou. Porque ela sempre atende, sempre aceita, sempre vai. No domingo, 12 de outubro, caminhamos “Com Maria, rumo à nova catedral”.
E o meu coração de bispo? Poderia ter ficado de outra maneira? No dia 12 de outubro, o meu coração de bispo ficou muito feliz. O evento Com Maria, rumo à nova catedral foi mais e muito mais do que um bispo pode esperar de consolação divina em sua vida. Deus é surpreendente. Ele sempre se supera. Naquele domingo, Deus se superou.
Serão apenas as minhas impressões? Não, tenho certeza que não. Muitos que lá estiveram falaram-me do mesmo sentimento de superação da bondade e da generosidade de Deus, da alegria de Deus, do brilho dos olhos de Deus no céu de Niterói.
Demos início à Celebração Eucarística às 15 horas, na porta da catedral. Logo de início, preciso salientar a participação de Dom Alano, Arcebispo emérito de Niterói. E dos padres, diáconos, consagrados e consagradas, seminaristas e cristãos leigos das diversas paróquias e comunidades, representando pastorais e movimentos. Parecia que todos estavam ali. Parecia que o Povo de Deus, quando chamado, havia respondido à voz de Deus. Venha você! – Deus foi falando. Venha você também! E você também!
E todos foram chegando, foram formando a procissão dos redimidos, daqueles salvos pelo Sangue Redentor, pelo Amor Redentor, que não tinham como corresponder ao Amor senão com mais amor ainda. Todos vieram. Habita o meu peito a certeza de que, se alguém não veio, foi porque não pôde. Mas esteve ali, junto a todos os outros irmãos e irmãs, em oração, em espírito e verdade.
Todos vieram. Então, saímos em procissão da catedral, com os andores de Nossa Senhora Aparecida e de São João Batista – Padroeiro da Arquidiocese – em direção ao local onde será construída a nova catedral. Durante a caminhada, cantamos, rezamos e refletimos sobre o grande desafio que o Senhor nos pede. Desafio e graça. Superabundantes.
Chegando ao local, cantamos o Hino do Glória, e continuamos a celebração. Aquele dia era o dia do Hino do Glória. Havia muita glória a ser dada ao Criador, ao Redentor e ao Espírito Vivificante. Glórias sem fim à Trindade, Una e Trina, Santa e Indivisa, que habita em nosso peito, em cujo Seio Divino nós todos repousamos.
No momento de apresentação das ofertas, junto com o pão e o vinho, foram trazidos símbolos de esperança. Vieram a terra, o ferro, as pedras, a areia, a água, a Bíblia. Todos esses símbolos foram ofertados por representantes dos vicariatos. Eles foram colocados numa caixa, e ela ficará guardada na catedral para ser depositada sob do local onde se erguerá o altar.
Você entende o que isso significa? Você consegue atinar com a transcendência desse gesto? Sob o altar do sacrifício, estará sempre toda nossa vida. Você estará lá. Suas lágrimas estarão lá, também seu contentamento. Seu trabalho estará lá, também seu descanso. É pena que muitas coisas não serão possíveis de serem depositadas junto. Há coisas que não cabem. É por isso que o homem construiu o reino do espírito. É que no reino do espírito, todas as coisas cabem. Sob o altar do sacrifício, ficarão depositadas tudo o que cabe e tudo o que só cabe no espírito.
Depois da comunhão, com a presença do Prefeito Municipal – Rodrigo Neves – a quem agradecemos, foi feito um aditivo no contrato entre a Prefeitura e a Arquidiocese prolongando o prazo de conclusão das fundações da catedral.
Em seguida, foi abençoada e colocada a pedra fundamental. “Venham todos, aproximem-se do Senhor, a pedra viva rejeitada pelos construtores, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. Vocês, também, como pedras vivas, entrem na construção desse templo espiritual …” (1Pe 2,5). A pedra angular da nossa vida e da vida da Igreja é Cristo. É por ele, com ele e nele que nos tornamos pedras vivas desse edifício espiritual.
Após a celebração aconteceu um show animado e bem participado com o cantor Dunga da Comunidade Canção Nova. Agradecemos ao Dunga e à Canção Nova pela ajuda na divulgação e participação neste evento.
A graça de Deus nos acompanhará. A proteção da Virgem Mãe da Igreja, e de São João Batista, o que veio antes, serão nossos baluartes, os cofres onde guardaremos nossos segredos e nosso cansaço e nossas alegrias. A colaboração generosa dos fiéis será mais do que um incentivo espiritual a esta obra, será a própria obra, transformada em tijolos e argamassa, para a glória de Deus.
Irmãos, irmãs, vamos começar a construção dessa obra de fé.
Tudo o que fecha um ciclo, abre outro. Tenho palavras finais de agradecimento. Serão finais? Não. Serão as primeiras palavras de um agradecimento que ecoará pelo tempo, pela eternidade, pelos dias dos homens e pelo kairós de Deus.
Obrigado, Senhor, pelo domingo, 12 de outubro! Obrigado aos irmãos e irmãs que organizaram, trabalharam e participaram no dia 12 de outubro! Esse foi o dia em que começamos uma Obra Nova para Deus.
Deixo a todos a minha mais querida bênção. A todos os que foram, aos que quiseram ir, aos que não puderam ir, aos que simplesmente não foram. Guardo-os todos no coração. Conto um segredo final. A partir daquele domingo, daquele 12 de outubro, meu coração ficou maior. Maior por sua causa, maior pela causa de Deus.
+ Dom José Francisco Rezende Dias
Arcebispo Metropolitano de Niterói