DOCUMENTO 100
Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia
Irmãos e irmãs, hoje, eu gostaria de examinar o Capítulo 6 – as Proposições Pastorais do Documento 100, que é onde se encontram os braços e as mãos do documento.
O capítulo 6 trata, diretamente, do que a Igreja pode esperar daqueles que são a Igreja. Não pode haver nenhuma renovação se não houver transformação. É isso que o Documento 100 propõe. A paróquia irá se transformar para a Igreja se transformar. Mas, lembrem-se, a Igreja somos nós, a paróquia somos nós. Então, seremos nós que nos transformaremos e será cada um de nós que transformará sua própria paróquia em sua comunidade, e nisso, transformará a Igreja. É preciso que cada um provoque em si mesmo a transformação que espera ver no todo.
Colhi dez pistas que o Documento 100 propõe para renovar a comunidade paroquial. Anotem.
1. Superar a tentação de achar que são nossos esforços que mudam a realidade. “… é preciso superar a tentação de uma postura pastoral, que pretende contar apenas com os esforços humanos para evangelizar. Sem Cristo nada podemos fazer (Jo 15,5).” “É preciso recuperar o primado de Deus e o lugar do Espírito Santo em nossa ação evangelizadora, pois nunca será possível haver evangelização sem a ação do Espírito Santo” (242-243).
2. Setorizar a comunidade: o Doc. 100 fala das comunidades da comunidade paroquial. “A grande comunidade, praticamente impossibilitada de manter os vínculos humanos e sociais entre todos, pode ser setorizada em grupos menores.” Mas adverte que “a setorização é um meio. Não basta a demarcação de territórios, é preciso identificar quem vai pastorear, animar e coordenar as pequenas comunidades. Sem essa preparação, a simples setorização não renova a vida paroquial.” (244-245). O documento alerta para o protagonismo dos leigos e da necessária preparação para que esse protagonismo seja exercido.
3. Encontrar o fundamento da comunidade na palavra, na Eucaristia e no perdão. Esse é talvez o ponto mais importante desse capítulo. A leitura orante, os círculos bíblicos, a Eucaristia, o cuidado com os pobres e a vida fraterna. Sem isso, teremos uma associação de índole qualquer, mas não uma comunidade cristã. É preciso o exercício do perdão. Converter-se é perdoar e eliminar dissensões, rixas e fofocas.
4. Ser paróquia missionária, porque a Igreja inteira é missionária. Ser missionário é acolher. Que os afastados sejam acolhidos, e que a secretaria paroquial seja uma fonte transbordante de acolhimento. “Para acolher a todos é necessário receber cada pessoa na sua condição religiosa e humana sem colocar, de imediato, obstáculos doutrinais e morais para a sua chegada. A conversão pastoral da paróquia faz com que ela seja uma instância de acolhida e missão; uma casa de portas sempre abertas para promover a cultura do encontro” (261.267). Isso dará muito o que pensar!
5. Priorizar a catequese. Para a catequese ser prioridade, é preciso um novo olhar que permita uma nova prática de uma metodologia catecumenal. A catequese é um ministério de toda comunidade; exige a implicação e a conversão da comunidade toda.
6. Repartir o Pão da Caridade. O Pão da Eucaristia, o Pão da Palavra, o Pão da espiritualidade orante só será pão se for repartido no Pão da Caridade. “As comunidades da paróquia precisarão acolher a todos, em especial os moralmente perdidos e os socialmente excluídos, “para que todos tenham vida” (Jo 10,10). Eles deverão encontrar aconchego e espaço de vida entre aqueles que seguem Jesus Cristo. Ele continua a convidar: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados de fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11,28)” (281). Essa citação fala por si só!
7. Abrir-se à diferença do irmão. Trata-se de uma abertura ecumênica. Não podemos esquecer que somos todos irmãos. Não importa em que casa habitemos, que igreja frequentemos, somos todos irmãos, todos salvos pelo mesmo sangue redentor.
8. Encontrar um novo estilo de formação.“É preciso encontrar metodologias e processos que permitam desencadear uma conversão nas pessoas e uma mudança na comunidade. Hoje é indispensável uma interação na qual a pessoa não é apenas informada, mas aprende a formar-se junto com os outros. O Papa Francisco insiste que a revisão da formação inclua tanto os ministros ordenados e seminaristas quanto leigos: “É preciso ter a coragem de levar a fundo uma revisão das estruturas de formação e preparação do clero e do laicato da Igreja que está no Brasil. A situação atual exige uma formação qualificada em todos os níveis” (302-303).
9. Cuidar dos ministérios leigos e dos ministérios ordenados. Os ministros leigos não existem apenas para suprir a ausência dos ministros ordenados. A Igreja é ministerial em sua essência e os ministros ordenados são, como o próprio nome diz, servidores da Igreja. Todos somos ministros. Daí, o cuidado de fomentar as vocações ordenadas para servir a todos. “O elemento essencial é o testemunho que a comunidade cristã dá do Evangelho de Cristo. O Papa Francisco afirma que “onde há vida, fervor, paixão de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas” (311).
10. Sair em missão é a grande tarefa. “Há muitos católicos não evangelizados que não fizeram a experiência pessoal com Jesus Cristo, têm fraca identidade cristã e pouca pertença eclesial”. “… É urgente ir ao encontro daqueles que se afastaram da comunidade ou dos que a concebem apenas como uma referência para serviços religiosos” (317-318).
São esses os dez itens que eu considerei essencial no capítulo 6. Vou deixar a CONCLUSÃO para o mês de novembro.
Deixo a todos o meu carinho e a minha bênção. Fiquem com Deus. Rezem muito por seu bispo, seus padres e diáconos e a sua comunidade.