Passada a eleição, cada um tem agora o dever de cobrar dos eleitos as promessas de campanha. Para mudar a triste realidade do exercício de muitos mandatos, é preciso fiscalizar quem recebeu nosso voto.
Mas como alguém que vendeu seu voto poderá, moralmente, exigir do representante que não venda o seu cargo?
Quem vendeu o voto não recebeu nenhuma promessa, foi apenas um negócio em que candidato e eleitor cumpriram sua parte. E quem não vendeu irá arcar com o peso de aturar um político, sem qualquer compromisso com a sociedade e a verdade, por longos 4 anos.
Afinal, como cobrar de alguém que já pagou pelo mandato?
Nessa estrutura corrompida do poder pelo poder, com a indevida utilização da máquina pública, só o candidato ganha; todos os outros perdem.
Temos muito em que avançar.
Os eleitos precisam saber que os mandatos a eles conferidos não significam autorização irrestrita para um exercício ilimitado de poder. Os preceitos da Constituição Federal são, sobretudo, nos princípios da moralidade administrativa, legalidade, impessoalidade, publicidade, eficiência, transparência e finalidade públicas.
Se os eleitos praticarem atos de corrupção, poderão receber um “cartão vermelho” impedindo a continuidade do mandato. Ser escolhido democraticamente não significa nenhuma autorização conferida pelos eleitores para os eleitos trabalharem para si mesmos. É preciso ter em vista sempre o interesse do bem-comum. O eleito deve responder a toda sociedade e não só aos que o elegeram.
Continuar acreditando no Brasil significa reagir à indiferença que vem dominando a política. Ainda teremos o orgulho de um dia dar um basta definitivo na corrupção.
Não vamos perder a esperança no país e na força de seu povo. Dar um não à corrupção é o começo da solução.
+José Francisco Rezende Dias
Arcebispo Metropolitano de Niterói
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