É impossível não ficar desolado diante da tragédia que assolou Capitólio, em Minas Gerais. Dias atrás, estávamos nos desejando todas as felicidades de um ano que ora despontava. Nem bem passadas as alegrias daqueles dias, e nossos irmãos mineiros se recolhem ao luto: um luto sem nome, um luto sem resposta.
É impossível não fazer como tantos, agora, e não perguntar, simplesmente, por quê?
Desde a aurora dos tempos, a humanidade luta sob o peso das contingências. Se por um lado, ela ri por suas conquistas, por outro, range os dentes e chora a dor que nem sempre tem nome. Já fizemos guerras, quase destruímos a civilização, somos uma ameaça constante ao planeta. Mas quando, cegamente, o planeta se volta contra nós, nós nos encolhemos em nossa insignificância e perguntamos por quê? Como se já não soubéssemos a resposta.
Óleo no litoral do Nordeste e do Sudeste (2019), incêndio na Chapada dos Veadeiros (2017), o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, na região de Brumadinho (2019), a barragem do Fundão em Mariana (2015), o incêndio no pantanal em 2020, e agora, Capitólio. Entre outras e entre tantas.
O que pensar? O que declarar?
É claro que com a naturalidade do tempo, os dias irão se passar. A princípio, sempre perguntamos o porquê: pode até acontecer de alguns esbravejarem contra o Céu, e de outros se recolherem numa indignação surda e muda.
Mas a vida vai seguir, lépida e faceira, porque foi assim desde a origem dos tempos, e é assim que ela faz.
Seja onde for que estejamos, não é de bom tom cuspir para o céu. Não somos nem um pouco bobos quando a realidade grita à nossa frente. E não seria de bom tom prosseguir como se já não soubéssemos a resposta.
Rezemos. O que for possível, façamos por nossos irmãos que, próximos ou distantes, mais uma vez, pedem socorro.
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