Hoje em dia, houve um real movimento de recondução às práticas religiosas. Da programação vespertina da TV aos grandes encontros midiáticos, a religião vem ocupando um lugar de relevância sincera.
No entanto, olhando de perto, as coisas não são bem assim!
O censo de 1970, registrou em 91,1% o número de pessoas religiosas. Esse percentual decaiu a 64,6%, em 2010. Ou seja, em 40 anos, houve uma queda de 27%, idêntica ao fenômeno religioso global atual.
A pós-modernidade reforçou o processo de secularização desencadeado anteriormente pela ruptura entre razão e religião nos campos econômico e cultural. Ruptura ainda mais dramática aconteceu no campo da política. Pio IX condenava a democracia, e a democracia triunfou. Pio XII diante da catástrofe do nazismo e do fascismo, terminou por reconhecê-la: em suma, o poder já não vinha de Deus, mas do povo, pelo povo e para o povo.
Na cultura, cortou-se mais fundo ainda. A razão iluminista se declarou independente e autônoma da religião. No Ocidente, a religião foi perdendo espaço na sociedade, e este foi só um pedaço do fenômeno da secularização que prossegue ainda em nossos dias.
Ao mesmo tempo, surgiu um aumento na religião pessoal, sem se ligar a nenhuma religião institucional. O sujeito pós-moderno pratica sua religião onde se sinta melhor. Escolhe, pelo cardápio, a igreja, o templo, a sua casa: serve qualquer lugar carregado de mística para se exercitar religiosamente.
Alguns buscam respostas às necessidades, outros se ressentem da falta de paz e sentido para a vida. Assim, as religiões se impõem ao oferecerem produtos que satisfaçam a desejos e necessidades. Como na lei da oferta-e-procura, as que mais crescem são aquelas cujas ofertas encontram as maiores demandas.
Mas era, mesmo, para ser assim?
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