Muitas vezes, falar de religião instaura um campo de divisão em nossa consciência coletiva: ela vem de fora ou de alguma parte interna nossa, trata-se, afinal, de uma pergunta a nosso respeito ou uma resposta a respeito de nós?
As ciências humanas, comumente, acentuam aquilo que Auguste Comte chamou de caráter mitológico dos conceitos religiosos, um lugar sem lugar no momento científico em que vivemos.
Perguntar se Deus existe ou não é um péssimo começo de conversa!
Afinal, qualquer Deus que se torne objeto de nossas argumentações será só isso, um objeto, uma coisa entre as outras do universo. Os cientistas que refutaram a religião, na verdade, prestaram a ela um inestimável serviço: eles a forçaram a reformular seu próprio significado.
Na verdade, a religião não é uma função a mais em nossas vidas, mas a dimensão de profundidade presente em todas as funções. A religião é o que dá à vida a dimensão 3D. Ela não se encontra em algum compartimento da vida humana, mas é ela que religa todos eles: religião vem de religar. É ela que revela o fundamento e a profundidade da vida humana, sempre encobertos pela poeira do cotidiano.
A experiência do sagrado, profundamente inspiradora, é uma das fontes da coragem para continuar e sempre fazer melhor.
Quando o mundo reage contra a religião, não percebe que tanto ele como a religião estão no mesmo barco das preocupações supremas. Se eles não se derem as mãos, o barco naufraga e o desastre é grande. Já vivemos isso nas experiências de inúmeras calamidades, e não foi bom.
À medida em que nos damos conta desse hiato, os conflitos entre religião e mundo desaparecem, a religião ocupa seu lugar e concede ao mundo a dimensão espiritual de significado último, a única que o tirou dos lodaçais onde ele se afundou.
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