Agentes da Pastoral Carcerária do Brasil recebem a bênção do Papa

Nos 50 anos da Pastoral Carcerária, o Pontífice faz votos de que esse “benemérito serviço eclesial, que possibilita aos agentes pastorais nele envolvidos o encontro com o próprio Senhor, siga sendo, na Igreja e na sociedade brasileira, um sinal visível da misericórdia de Deus para com os irmãos e irmãs encarcerados”.

São 50 anos de constantes visitas ao cárcere, escutando as agonias, dores e sofrimentos da população mais marginalizada do país. Por isso, o Papa quis enviar a sua bênção à Pastoral Carcerária do Brasil, que comemorou seu jubileu em 2022.

A carta foi enviada a Dom Henrique Aparecido de Lima, bispo de Dourados (MS) e referencial da Pastoral Carcerária. O texto é assinado pelo substituto da Secretaria de Estado, Dom Edgar Peña Parra, com a data de 23 de novembro de 2022, mas somente agora foi divulgado.

O Pontífice faz votos de que esse “benemérito serviço eclesial, que possibilita aos agentes pastorais nele envolvidos o encontro com o próprio Senhor, siga sendo, na Igreja e na sociedade brasileira, um sinal visível da misericórdia de Deus para com os irmãos e irmãs encarcerados”.

Pela intercessão materna da Virgem Aparecida, o Papa concede a todos a sua bênção apostólica, pedindo que os agentes pastorais não deixem de rezar por ele.

As origens no Evangelho de Jesus

O cuidado com o encarcerado é um mandamento de Jesus, mas as referências para a criação da Pastoral Carcerária se encontram no Concílio Vaticano II, no pontificado de Paulo VI e na Conferência de Puebla.

Os cristãos sempre se fizeram presentes nos presídios brasileiros. Assim, na década de 70, diversos movimentos da Igreja católica (Cursilho, grupos de jovens, legião Maria, Vicentinos, Movimento Familiar Cristão) se sentiam chamados para esta missão e intensificaram a assistência religiosa no Brasil.

Onde foi permitido, realizaram um trabalho edificante: organizavam jogos e diversões, promoviam reuniões, cursos e “Reflexões Bíblicas”; realizavam celebrações litúrgicas; visitavam os presos e suas famílias.

Pe. Alfonso Pastore foi o primeiro padre a lutar pela criação da Pastoral Carcerária, que surgiu com este nome com o trabalho de leigos e leigas na Arquidiocese de Vitória (ES).

Seu trabalho foi árduo, até fazer com que a Pastoral fosse reconhecida como instituição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB.

O primeiro encontro Nacional da Pastoral Carcerária se realizou nos dias 7 a 9 de agosto de 1973, no Rio de Janeiro.

Por que eles e não eu?

Desde então, os agentes não só realizam sua missão junto aos detentos, mas também estão ativos na denúncia das torturas e das condições subumanas da imensa população carcerária brasileira – atuação que encontra grande suporte do próprio Papa Francisco, que em inúmeras viagens do seu pontificado inclui visitas a prisões, além de lavar os pés dos presos na Quinta-feira Santa.

Já como sacerdote, a condição de prisioneiro sempre despertou reflexões em Bergoglio, que se pergunta: por que eles e não eu?

O sonho de Deus: um mundo sem cárcere

A coordenadora da Pastoral é a Ir. Petra Silvia Pfaller, religiosa das Irmãs Missionárias de Cristo, que comentou a bênção do Papa:

“Receber a mensagem e bênção apostólica do querido Santo Papa, Papa Francisco, nos trouxe muita alegria. E mostra que a Pastoral Carcerária Nacional trilha o caminho certo, seguindo os ensinamentos de Jesus em comunhão com toda a Igreja. O Jubileu de Ouro da Pastoral Carcerária foi marcado pela lembrança do histórico de evangelização e preocupação com a dignidade humana da população encarcerada. Com esses quase um milhão de mulheres e homens encarcerados em situação desumana aqui no Brasil. Uma população tão marginalizada na nossa sociedade e também dentro da nossa Igreja muitas vezes. A bênção do Papa Francisco a todos agentes da Pastoral Carcerária que realizam esta missão de amor cotidiano anima e fortalece a todos, na luta por um sonho de Deus: um mundo sem cárcere.”.

Por Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Foto: Arquivo Vatican Media

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