Há vinte anos a Arquidiocese despedia-se de Dom Carlos Alberto

Há vinte anos a Arquidiocese de Niterói era surpreendida pela morte de seu Pastor, vítima de infarto agudo do miocárdio. Dom Carlos Alberto Etchandy Gimeno Navarro faleceu no dia 2 de fevereiro do ano de 2003, aos 71 anos. O corpo foi sepultado na Capela do Santíssimo da Catedral de São João Batista, no centro de Niterói.

Dom Carlos Alberto Navarro nasceu no Rio de Janeiro, em 30 de outubro de 1931. Em 1953, ingressou no Seminário Arquidiocesano São José, do Rio de Janeiro. Foi ordenado sacerdote em 1959, tornando-se Bispo em 1975. Em 1981, com transferência determinada pelo  Papa João Paulo II, hoje São João Paulo II, foi Bispo titular da Diocese de Campos dos Goitacazes, no norte fluminense. Na época, a Diocese da cidade  de Campos enfrentava divergências de católicos tradicionais, que não aceitavam as reformas do Concílio Vaticano II. Dom Navarro conseguiu reverter a situação, no que foi reconhecido pelo Papa. Com a volta da paz em Campos, Dom Navarro foi novamente transferido pelo Papa e assumiu a Arquidiocese de Niterói, onde ficou de 1990 a 2003.

Em 1996, Dom Carlos Alberto Etchandy Gimeno Navarro idealizou uma nova Catedral para Niterói iniciando-se o projeto, que foi repassado para Oscar Niemeyer e o Prefeito Jorge Roberto Silveira. Em outubro de 1997, o projeto da Nova Catedral, assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, foi abençoada pelo Papa João Paulo II, em sua segunda visita ao Rio.

Na ocasião João Paulo II conheceu a planta e a maquete da catedral, abençoando a pedra fundamental, lançada no ano de 1999 com grande festa no terreno, pelo inicio das obras. Por ocasião do falecimento de Dom Carlos Alberto Navarro, em 2003, o projeto foi arquivado, e em 2012, Dom José Francisco, atual Arcebispo de Niterói, retomou o projeto.

Dom Carlos também era poeta e compositor tendo, aproximadamente, 160 músicas religiosas, as quais é possível encontrar algumas no livro Louvemos ao Senhor, de 2008: Creio, Senhor (D. Navarro / David Julian), Irmão Sol com Irmã Luz (D. Navarro / Waldeci Farias), Sobe a Jerusalém (Waldeci Farias / D. Navarro),Tomai, Comei (Waldeci Farias / D. Navarro), És Maria, a Virgem que sabe ouvir (Waldeci Farias / D. Navarro),Quando o Teu Pai revelou (Waldeci Farias / D. Navarro), Maria, Mãe da Providência (Waldeci Farias / D. Navarro) e A Criação estava pra nascer (Waldeci Farias / D. Navarro).

Compôs algumas canções para a Missa do “Coração de Jesus” (Waldeci Farias / D. Navarro), (Entrada) Não sei se descobriste, (Meditação) Sou Bom Pastor, (Aclamação) Aleluia, Como o Pai me amou, Este pranto em minhas mãos (Waldeci Farias / D. Navarro), (Comunhão) Procuro abrigo nos corações (Waldeci Farias / D. Navarro) e (Final) Não trates mal teu coração. Algums canções ainda não foram publicadas.

Em 1991, preparou o primeiro Anuário da Arquidiocese de Niterói, que teve outras edições, que servem de subsídio para a Catequese, Catecumenato, Crisma e outras pastorais.

Durante o seu governo, foram ordenados 22 sacerdotes, 20 diocesanos e 2 religiosos; foram criadas as paróquias, de Santana, a de Santa Rita de Cássia, em Armação dos Búzios (1997), e Santíssima Trindade, na Trindade, município de São Gonçalo (2001), além da Quase-Paróquia de São José Operário, em Jardim Catarina, em São Gonçalo (2002).

Sua fidelidade à Igreja levava-o a viver com grande intensidade os anos festivos promulgados pela Santa Sé, a exemplo de: “Ano do Espírito Santo”, “Ano de Deus Pai”; “Ano do Jubileu”; “Ano Santo”, entre tantos outros, aos quais aluíam, sempre, grandes concentrações de fiéis, vindos das diversas Paróquias e municípios da Arquidiocese.

Firme em sua direção, voltada para a vontade da Igreja, através do Espírito Santo, na pessoa do Santo Papa, muitas eram as suas convocações, através de mensagens e mesmo circulares, com chamados à Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas (diariamente, pelos padres através de suas paróquias e comunidades religiosas); à Adoração ao Santíssimo Sacramento e à reza do Terço (durante a Liturgia das Horas), na intenção do “Ano Santo” e da Santificação das Vocações Sacerdotais.

Difundiu a devoção aos Santos, a partir da vida de Santa Terezinha do Menino Jesus, São João Batista, e outros. Dom Carlos Alberto buscou viver, intensamente, uma vida em “busca da união com o Santo Padre e a Igreja Universal”, procurando levar, também, o seu rebanho, as suas ovelhas, o que bem se pode perceber através de seus escritos e circulares.  Na obediência à Igreja, acatando o seu pedido,  em janeiro de 1998, reunia, na sede da Arquidiocese, grande número de fiéis em formação para a “Pastoral da Sobriedade”, além da realização de um Encontro Ecumênico abordando o assunto.

Dom Carlos Alberto, em sua ultima mensagem à Arquidiocese, agradeceu: “No percurso do meu calvário, desejo agradecer a todos os sacerdotes, religiosos e religiosas, aos leigos e leigas e a todas as autoridades, as orações e votos de pronto restabelecimento. Nisso se manifesta a nossa comunhão no corpo místico de Cristo. Um agradecimento aos profissionais de saúde, do Hospital Procordis, e especialmente aos do Hospital Santa Cruz, do maior ao menor, que me fazem sentir o aconchego humano de uma verdadeira família. Ofereço este pequeno sofrimento, em união com Cristo Sacerdote e Bom Pastor, por toda a Arquidiocese, de modo especial por todo o Clero, seminaristas, religiosos, religiosas e vocacionados, para que, conforme o desejo do Santo Padre, busquem cada vez mais a santidade e amem sempre a Deus tão pouco amado. Peçam a Deus que me ajude a aceitar tudo até o fim… Rezem por mim e tudo ofereço por vós”, concluiu.

Dom Navarro ainda exerceu os cargos de membro do Conselho Fiscal da CNBB, representante dos Bispos na Comissão Regional de Seminários, foi eleito pelos Bispos para acompanhar o Ensino Religioso no Estado do Rio de Janeiro, desde 1987, e também presidente do regional Leste 1 da CNBB, em dois mandatos: de 1991 a 1993 e de 1993 a 1995.

Seu lema como Bispo foi “Pela graça e pelo apostolado” – Gratia et Apostolatu (Rom 15,1), e como Arcebispo, “Com Maria Mãe de Jesus” – Cum Maria Matre Jesu (At 1,14).

Por João Dias
Com informações: Vaticano/CNBB/Niterói Católico/Associação do Senhor Jesus
Foto: Arquivo SECOM

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