Com esta expressão, o Papa Paulo VI manifestava o que estavam vivendo, no dia 14/09/1965, durante o Discurso da inauguração da 4ª. Sessão do Concílio. A alegria nascia da experiência fortíssima de comunhão e unidade vividas pelos pastores do Povo de Deus, como imagem visível da Igreja, reunidos em nome de Cristo e cuja assistência não faltaria para Sua Igreja, enquanto peregrina neste mundo.
Recordando as palavras dos Atos dos Apóstolos (15,28): “pareceu bem… ao Espírito Santo e a nós”, o Papa destacava a necessidade de todos se empenharem para que a ação do Espírito Santo não só se conjugasse com a dos Padres Conciliares, mas também a penetrasse inteiramente, a iluminasse, a fortalecesse e a santificasse. Assim, estava marcada a dimensão pneumatológica da conclusão da caminhada conciliar.
Da mesma maneira, o Sucessor de Pedro fazia ecoar as palavras do livro do Apocalipse (2,17): “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito Santo diz às igrejas”. O primeiro dever, nos dias subsequentes, durante as últimas reuniões do Concílio, era “escutar, escutar uma e outra vez a voz oculta do Consolador”.
O Papa, então, fazia um convite, que era como uma ordem: “… deixemos que o Espírito Santo derrame nas nossas almas a caridade que se traduza em sabedoria, ou seja, naquela retidão de juízos conforme às mais altas razões do saber, pela qual a mente humana sobe até Deus, de quem recebeu este inefável dom, e todo o pensamento e toda a ação do homem se façam amor, se façam caridade.”
A caridade se tornava, assim, a nota caraterística desta última parte do Concílio e que deveria se realizar em todos de forma progressiva. Citando o Santo de Hipona (S. Agostinho), Papa Paulo VI enfatizava que “nada se conhece perfeitamente se não se ama perfeitamente”. Com isso, o Papa salientava que o Concílio assumia um caráter de um ato de caridade, “um grande e tríplice ato de caridade: a Deus, à Igreja e à humanidade.”
Além da certeza da primazia de Deus na ação da Igreja e, por consequência, na caminhada conciliar, o Sucessor de Pedro relembrava que não estávamos sozinhos nesse peregrinar, porque “somos um povo, o Povo de Deus. Somos a Igreja católica. Somos uma sociedade singular, visível e espiritual ao mesmo tempo.” E essa Igreja contemplava uma multidão de muitos irmãos e irmãs que, ainda, não tinham a felicidade de lhe pertencerem.
Em suma, o Papa Paulo VI apresentava como a Igreja estava caminhando com o percurso conciliar e como deveria continuar no pós-Concílio. O próprio Papa colocava uma questão para a Igreja: “… poderá ela desistir do seu esforço de amar, pelo fato de oporem insídias e obstáculos ao seu amor?” Tal questão permanece extremante válida, atualmente, 60 anos depois da abertura do Concílio.
Com suas palavras, queremos concluir nossa reflexão: “O amor que anima a nossa comunhão não nos aparta dos homens, não nos faz exclusivistas nem egoístas… A Igreja do tempo do nosso Concílio amava — assim se responderá — amava com coração missionário… Sim, a Igreja do tempo do Concílio Vaticano II amava com alma ecumênica, isto é, com alma que humilde e suavemente se abria a todos os irmãos cristãos, ainda não em perfeita comunhão com esta nossa Igreja, que é una, santa, católica e apostólica… O outro ato de amor vai para aqueles que perseguem Cristo e a sua Igreja, e ferem os fiéis com temores e vexações.”