Menina Benigna: exemplo de defesa da dignidade da mulher

No dia de alerta da ONU à violência contra a mulher, vamos recordar da Menina Benigna, símbolo brasileiro na luta contra o feminicídio, beatificada em outubro, no Ceará. Até hoje, o problema revela dados preocupantes: uma em cada três mulheres se vê afetada por algum tipo de violência do gênero, segundo as Nações Unidas. Uma das metas de um apelo global para atingir a Agenda 2030 no Brasil é eliminar todas as formas de violência do gênero em esferas públicas e também dentro de casa.

Nesta sexta-feira, 25 de novembro, a ONU alerta para a violência física, psicológica, sexual e social que atinge mulheres e meninas no mundo inteiro através do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. O problema, que se encontra em todas as classes sociais – sobretudo após a pandemia -, continua revelando dados preocupantes: uma em cada três mulheres se vê afetada por algum tipo de violência de gênero e a cada 11 minutos uma mulher ou menina morre, assassinada por um familiar. Eliminar todas as formas de violência contra as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas é uma das metas dos “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” (o Objetivo 5 para alcançar a igualdade de gênero), um apelo global para atingir a Agenda 2030 no Brasil.

A primeira Beata do Ceará, Benigna Cardoso da Silva, uma adolescente de 13 anos, é um símbolo brasileiro nessa luta contra o feminicídio no Estado do Ceará. A “heroína da castidade” foi beatificada na cidade de Crato, no último 24 de outubro, dia do seu martírio em 1941, quando foi abordada sexualmente e, ao rejeitar, foi golpeada várias vezes com o facão até a morte.

A beatificação da Heroína da Castidade

A cerimônia foi presidida pelo representante do Papa Francisco, o cardeal Leonardo Steiner, que invocou a “figura iluminadora” da Menina Benigna como indicadora e defensora da dignidade da mulher, como ícone contra o abuso sexual de crianças e adolescentes. De fato, destacou o arcebispo de Manaus na homilia, no mesmo dia da beatificação foi instalado o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher na Comarca de Crato, para garantir os direitos fundamentais das mulheres nas relações domésticas e familiares.

Para “contemplar a alma daquela que através da sua face nos fala do amor de Deus que tanto pregou e viveu como uma criança”, declarou o bispo de Crato, dom Magnus Henrique, por ocasião da beatificação; daquela “jovem mártir que, seguindo a Palavra de Deus, manteve pura a sua vida, defendendo a sua dignidade”, disse por sua vez o Papa Francisco, a diocese de Crato contratou o designer 3D, Cícero Moraes, para realizar uma escultura digital da Menina Benigna.

No dia seguinte à beatificação, uma missa de ação de graças marcou a entronização da imagem na Igreja Matriz de Senhora Sant’Ana, em Santana do Cariri, terra natal da Menina Benigna, simbolizando que ela já pode ser venerada nos altares.

A escultura digital da Menina Benigna

Graças à tecnologia digital e com relatos de pessoas que conviveram com ela, além de fotos de familiares compatíveis com a estrutura facial de Benigna, o designer brasileiro conseguiu desenvolver o trabalho da escultura digital. Foi realizado um agrupamento das imagens dos parentes que tinham idades diferentes, mas compatibilizadas à adolescente de 13 anos para se chegar ao seu rosto.

Todo o processo foi gerenciado pelo Padre Wesley Barros, coordenador da Comissão para Beatificação de Benigna, junto a sua equipe. A cada fase da escultura em 3D, conta Cícero, “eu enviava pra eles uma prévia para receber observações, correções e sugestões”:

“É importante frisar que para fazer a compatibilização estrutural do corpo, nós recorremos a artigos científicos forenses que tratavam de proporções de pessoas da faixa etária compatível com a Begnina. E outra situação interessante que envolve esse trabalho da escultura digital, é que o objetivo do trabalho é fornecer um parâmetro, uma referência para a criação de obras derivadas. No caso, estátuas que os artistas vão fazer posteriormente – que já estão fazendo, na verdade – e também outras obras como pinturas, que também é uma obra derivada. O objetivo foi esse: criar um parâmetro referencial para obras derivadas com todo o simbolismo e todas as características disponíveis acerca da Benigna.”

Por Andressa Collet – Vatican News
Foto: Diocese de Grato – CE

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