Dom José: “…vamos testemunhar a consagração de Isadora ao Senhor Jesus e à sua Igreja”

No dia 11 de outubro, a Paróquia São Judas Tadeu, em Icaraí, no município de Niterói, recebeu o Arcebispo Metropolitano de Niterói, Dom José Francisco, para a Santa Missa de Consagração de Isadora Arantes. Na Celebração, o Arcebispo utilizou o Rito de Consagração das Virgens. Diferentemente dos religiosos, não há a emissão de qualquer voto, mas sim de um propósito de castidade. A Candidata recebeu as insígnias do véu, a ser usado nas celebrações litúrgicas, a aliança e a liturgia das horas.

No sermão o Arcebispo metropolitano de Niterói, Dom José Francisco, iniciou dizendo: “Querido irmão no episcopado Dom Alano, querido Pe. Carmine – nosso Vigário Geral e Pároco desta Paróquia – na pessoa dos quais saúdo os irmãos padres e diáconos presentes. Queridos consagrados e consagradas, filhos e irmãos no sacramento do Batismo. Querida Isadora, que, hoje, se apresenta diante do Senhor e da Igreja para sua consagração na Ordem das Virgens.”. 

“Ontem, eu cheguei de Roma onde tive a graça de participar da Visita Ad Limina, com os Bispos do Estado do Rio de Janeiro. Foi um momento de peregrinação aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo; de encontro com o Sucessor de Pedro, o Papa Francisco, e com os vários Dicastérios do Vaticano. Tudo foi vivido na fé, na alegria, na comunhão e fraternidade. Todos vocês estiveram muito perto de mim pela oração. Fui sozinho, mas levei a todos no coração em nome de nossa Igreja Arquidiocesana de Niterói.”, recordou ele à Visita Ad Limina Apostolorum.

Em outro trecho do sermão, destacou o Arcebispo: “Hoje, reunidos em comunidade, celebrando a véspera da solenidade de Nossa Senhora Aparecida, vamos testemunhar a consagração de Isadora ao Senhor Jesus e à sua Igreja. Isadora, quero manifestar-lhe minha alegria de poder ser o instrumento de Deus e da Igreja, nesse dia importante de seu casamento com Cristo. Dia que confirma os 25 anos de sua Primeira Comunhão, realizada no dia 11 de outubro de 1997, iniciando sua vida eucarística de intimidade e amor a Jesus.”.

“No Novo Testamento, a imagem da Igreja como Noiva de Cristo aparece, como um sinal do íntimo relacionamento que o Senhor Jesus quer estabelecer com a comunidade dos fiéis. Desde os tempos dos apóstolos, encontramos o testemunho de várias mulheres que, correspondendo à graça do Espírito Santo, viveram o carisma do amor esponsal, dedicando-se ao Senhor Jesus na virgindade, experimentando a fecundidade espiritual do relacionamento íntimo com Ele em favor da Igreja e do mundo. Assim, a virgindade consagrada feminina foi adquirindo a condição de um estado de vida reconhecido publicamente pela Igreja.”, explicou Dom José Francisco.

Prosseguiu ele: “A partir do século IV, a entrada na Ordem das virgens começou a ser realizada por meio de um ritual litúrgico solene, presidido pelo bispo diocesano. Durante a celebração eucarística, diante da comunidade reunida, a mulher manifestava o santo propósito de permanecer por toda a vida em virgindade por amor a Cristo, e o bispo pronunciava a oração de consagração, como testemunham os escritos de Santo Ambrósio de Milão e as fontes litúrgicas mais antigas.”.

“O Concílio Vaticano II retomou essa antiga tradição, aprovando a consagração de mulheres que ficam no século, ou seja, elas permanecem em suas condições normais de vida e são admitidas à Ordem das Virgens pelo bispo diocesano.”, explica Dom José Francisco.   

Dirigindo-se à candidata à consagração na Ordem das Virgens, disse o Arcebispo:

Isadora,

FAZEI TUDO O QUE ELE VOS DISSER.

É a palavra de Maria para você hoje.

FAZEI TUDO O QUE ELE VOS DISSER nas pequenas e nas grandes coisas, seja na sua família, na sua comunidade, na sua profissão de médica, no seu trabalho na Marinha, no seu amor para com os irmãos sofredores e doentes, irradiando seu amor a Jesus Esposo..

E concluiu Dom José Francisco: “Maria, Mãe, que foi toda de Deus e toda servidora dos irmãos, seja sua Mestra e companheira, para que, sendo toda de Deus, você seja toda servidora dos irmãos, gerando e transparecendo o amor de Jesus Cristo.”.

Um pouco de história sobre a Ordo virginum

Em 2008, o então Papa Bento XVI, durante o encontro com as Virgens Consagradas, assinalou: “‘A vossa vida seja um particular testemunho de caridade e sinal visível do Reino futuro’ (RCV, 30). Fazei com que a vossa pessoa irradie sempre a dignidade de ser esposa de Cristo, expresse a novidade da existência cristã e a expectativa serena da vida futura. Assim, com a vossa vida recta, podereis ser estrelas que orientam o caminho do mundo. A opção pela vida virginal, de facto, é uma chamada à transitoriedade das realidades terrenas e antecipação dos bens futuros. Sede testemunhas da expectativa vigilante e laboriosa, da alegria, da paz, que é própria de quem se abandona ao amor de Deus. Estai presentes no mundo e, contudo, sede peregrinas rumo ao Reino. De facto, a virgem consagrada identifica-se com aquela esposa que, juntamente com o Espírito, invoca a vinda do Senhor: ‘O Espírito e a Esposa dizem ‘Vinde’” (Ap 22,17).

Em junho de 2018, foi aprovado pelo Papa Francisco Ecclesiae Sponsae Imago, publicado pela   Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Este documento é uma Instrução sobre a “Ordo virginum” – Ordem das Virgens. O prefeito do dicastério, Cardeal João Braz de Aviz, e o secretário, o Arcebispo José Rodriguez Carballo, na ocasião, apresentaram o documento ao Papa Francisco.

“‘As virgens consagradas são imagem da Igreja, esposa de Cristo’, desta forma, o decreto da Sagrada Congregação para o Culto Divino, em que o Beato Papa Paulo VI promulgou o novo Rito da consagração das virgens, apresentava as mulheres consagradas na “Ordo virginum”. Era 31 de maio de 1970. Como acontecia nas comunidades apostólicas e na época patrística, após séculos, era concedida a possibilidade de receberem esta consagração, também, as mulheres que permanecessem em seu ordinário contexto de vida, e não mais reservado às monjas.”, destaca o Cardeal João Braz de Aviz.

E completou ele: “A Instrução Ecclesiae Sponsae Imago, que a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica apresenta, hoje, retoma essa definição. Depois do Rito litúrgico e das normas nela contidas, a Instrução é o primeiro documento da Sé Apostólica que aprofunda a fisionomia e a disciplina desta forma de vida.”

Em outro trecho, o Cardeal ressaltou: “A Instrução sobre a Ordo virginum pretende responder aos pedidos que numerosos Bispos e virgens consagradas nestes últimos anos têm apresentado à Congregação para a Vida Consagrada sobre a vocação e o testemunho da Ordo virginum, a sua presença na Igreja universal, e – em particular – sobre a formação vocacional e discernimento. Ecclesiae Sponsae Imago quer ajudar a descobrir a beleza desta vocação, e contribuir para mostrar a beleza do Senhor que transfigura a vida de tantas mulheres que diariamente a experimentam.”.

Reveja a íntegra da Consagração:

Por João Dias
Fotos: Paula Ganeme – PASCOM SÃO JUDAS – ICARAÍ
Texto: Um pouco de história sobre a Ordo virginum, fonte: Santa Sé

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