O Papa Francisco escreveu o prefácio de um livro sobre esporte que chega às livrarias nesta terça-feira (11). A obra em italiano das Edições São Paulo (116p. a 14 euros) intitulada “Não é só fadiga, é amor – os campeões do esporte entre paixão e solidariedade” traz testemunhos de homens e mulheres de diferentes modalidades, coletados pelo Monsenhor Dario Edoardo Viganò e o jornalista Valerio Alessandro Cassetta. Eles abordam histórias pessoais e de sucesso, mas sobretudo de valores que orientam o dia a dia de um atleta de alto rendimento como a solidariedade, a lealdade, a gratidão, o perdão, a generosidade, a capacidade de se levantar depois de cada queda.
Uma rotina para se chegar ao pódio e ao sonho da vitória que não é percorrida sozinha, porque “sem um treinador, de fato, não nasce um campeão”, escreve o Papa logo no início do prefácio. É preciso que alguém aposte nesse atleta, sendo um pouco visionário, mas também trabalhando muito sob o aspecto físico, sobretudo motivando, corrigindo sem humilhar, estimulando à resistência. Treinar é um pouco como educar, continua o Pontífice, criando uma relação entre esporte, vida e fé.
Não olhar o mundo da janela de casa
Francisco, então, recorda uma passagem da carta de São Paulo que diz: “vocês não sabem que dentre todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcance o prêmio” (1Cor 9,24). Esse é um convite, salienta o Papa, para se colocar em jogo, “não olhando o mundo da janela de casa”.
Porém, quando a derrota chega, é preciso identificar o seu significado profundo, autêntico e nobre, fazendo um exame de consciência para se recarregar e voltar ao jogo, porque além do objetivo de ser campeão, conta também o percurso até lá. “Sem motivação e estímulo, não se pode enfrentar o sacrifício”, afirma o Papa que acrescenta no prefácio:
Os protagonistas do livro e do esporte
O livro, assim, traz entrevistas exclusivas com quem fez e está fazendo história no esporte italiano: os jogadores de futebol Giorgio Chiellini, Alessandro Bastoni, Ciro Immobile e Luca Mazzitelli; a campeã olímpica de marcha atlética, Antonella Palmisano; a campeã olímpica de ginástica artística Vanessa Ferrari; o campeão mundial de ciclismo da déc. 70, Francesco Moser; o atleta paralímpico ítalo-cubano com deficiência visual de lançamento de disco e de peso, Oney Tapia; a campeã olímpica de remo, Valentina Rodini; e o medalhista olímpico de esgrima, Enrico Berrè. Não são “funcionários do espetáculo e do sucesso”, mas seres humanos que exploram os limites da dedicação, da esperança e da confiança que está presente em cada um de nós. E o Papa conclui o prefácio:
“Não sou ingênuo e sei bem que ao redor do mundo do esporte gira um mundo econômico muito importante. E eu estou ciente de que o fascínio de um esportista pode facilmente se transformar em um objeto gerador de lucro. Como recordavo em uma entrevista à La Gazzetta dello Sport, a riqueza corre o risco de adormecer a paixão que foi capaz de transformar um menino, uma menina comum, em uma extraordinária obra-prima. E acredito que um pouco de ‘fome’ no bolso seja o segredo para nunca se sentir apagado, para manter acesa aquela paixão que os seduziu quando crianças. De fato, é triste ver campeões que são riquíssimos, mas indiferentes, quase como burocratas do seu esporte.”