PADRE DOUGLAS – Nós vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-lO! (Mt 2,1-12)

As palavras pronunciadas pelos magos no evangelho que acabamos de escutar, poderiam hoje ser assumidas por cada um de nós. Na verdade, estas palavras deveriam ser assumidas por todos nós, todos os dias da nossa vida.

O que contemplamos agora no evangelho, narrado por São Mateus (Mt 2,1-12), ou que contemplamos todas as vezes em que vamos ao presépio  é, na verdade, a narrativa da nossa vida. Somos nós, que hoje, representados por estes magos, vamos ao encontro do Senhor. É a humanidade inteira, como cantávamos no Salmo Responsorial (Sl 71), que contempla a maravilha de Deus que se manifesta a todos, que se dá a todos, desde que queiramos.

A primeira coisa que o evangelho hoje nos ensina é que a nossa vida inteira não é outra coisa, senão uma caminhada contínua, ao encontro do Senhor. Caminharemos a vida inteira, desejosos de um dia nos encontrarmos definitivamente com Ele, pra nunca mais nos separarmos.

Mas ao mesmo tempo, o evangelho nos dá outro ensinamento. Como esses magos, nem sempre procuramos o Senhor no lugar certo. O desejo de ver o Senhor, a busca pelo Senhor estão em nós. Mas nem sempre nós o procuramos no lugar certo, nem sempre procuramos nos saciar na fonte certa, que é o Senhor que está no centro, que nos aguarda. Talvez como os magos, nós estejamos procurando o Senhor onde não deveríamos.

O evangelho narra também algo que não podemos deixar passar ao longe. Assim que percebem que ali não estava o Senhor, os magos mudam a rota. Quantas vezes, em nossa vida, estamos insistindo no caminho errado? Quantas vezes, meus irmãos, como estes magos, nós precisamos mudar a rota, mudar o sentido, estamos tentando, tentando, tentando, estamos vendo que não está dando certo, pra que continuar tentando no erro? Muda o caminho, muda a rota…

Os magos hoje nos ensinam a superar aquele ditado popular, que diz que estamos dando murro em ponta de faca! Está dando errado? Muda, troca a rota, muda o caminho, muda o sentido, para que assim nos encontremos com o Senhor, para que assim entremos na rota certa…

E o evangelho narra hoje, que Herodes, aparentemente, queria também adorar o Senhor. Talvez como Herodes, nós também queremos adorar o Senhor! Mas será que, de fato, Herodes queria adorar o Senhor? Será que, de fato, nós queremos adorá-lO? Reconhecê-lO como o Senhor da nossa vida, ou será que na verdade, o que nós queremos é apresentar a nossa lista de petições, de desejos, de aspirações… Será que queremos adorar o Senhor como os magos, ou como Herodes? Qual a nossa intenção? É preciso que hoje, iluminados pelo exemplo de Herodes, nós também nos perguntemos: por que estamos aqui? Por que queremos adorar o Senhor? Queremos adorá-lO, mesmo quando tudo vai mal? Queremos adorar o Senhor, independentemente do que está acontecendo, ou será que somos mais um interesseiro, que quer pedir muito, que quer que o Senhor esteja o tempo inteiro nos assistindo?

Quantas vezes, meus irmãos, nós nem percebemos que o que queremos é ser o tempo inteiro beneficiados pelo Senhor, e quando as coisas não vão bem, nós até abandonamos o Senhor. ‘vou parar de ir à missa, vou parar de ir à igreja, está dando tanta coisa errada…’ é exatamente quando mais deveríamos procurar o Senhor, porque precisamos dEle, precisamos que Ele nos sustente.

Ao mesmo tempo, o evangelho narra que os magos, depois de retomarem o caminho, agora num outro contexto, são guiados pela mesma estrela que haviam visto. Mas vejam um detalhe do evangelho, a estrela os conduzia, mas eles não a estavam vendo! É um sinal claro, meus irmãos, da mão providente de Deus, que nos conduz, mesmo quando não vemos, mesmo quando não sentimos, mesmo quando vemos todos os sinais que provariam o contrário, a Sua estrela continua sobre nós, nos conduzindo, passo a passo.

Por isso, o evangelho diz que quando os magos, novamente, veem a estrela sobre o lugar onde estava Jesus, o seu coração se enche de alegria. O encontro com o Senhor enche o nosso coração de alegria! Se não encheu, é porque não foi um encontro com o Senhor. Se não encheu, é porque talvez estejamos tão cheios de tantas coisas, que não há lugar para a alegria do Senhor nos tomar, nos preencher. E o evangelho narra que imediatamente, os magos se prostram e adoram o Senhor.

Quando nós nos encontramos com Ele, não devemos ficar altivos, orgulhosos, mas ao contrário, o encontro com Ele nos prostra, nos lança ao chão… o encontro com Ele nos faz reconhecer que Ele é o centro, Ele é o Senhor de toda a nossa vida! Por isso é que os magos se prostraram, por isso é que nós nos prostramos e, curiosamente, os magos não estão com uma lista de desejos… os magos oferecem o que tinham de mais precioso, nos ensinando que também nós, nos prostramos diante dEle, para oferecer o que temos de mais precioso, E o que temos hoje, de mais precioso, é a nossa vida, que queremos ofertar ao Senhor.

Assim o evangelho termina, dizendo que os magos voltaram pra sua terra por outro caminho. Quando encontramos com o Senhor, nunca voltamos os mesmos. Se, verdadeiramente, o encontro foi com o Senhor, nós voltamos por outro caminho, porque voltamos renovados, voltamos convertidos, voltamos transformados desse encontro, que muda a nossa vida, porque um encontro com o Senhor não é mais um encontro, um encontro casual… é com o Senhor da nossa vida!

Que hoje, meus irmãos, não sejamos a Jerusalém de Herodes, a Jerusalém que não quis o Senhor, a Jerusalém que perseguiu o Senhor, a Jerusalém que matou o Senhor! Não sejamos a Jerusalém de Herodes, sejamos a Jerusalém do profeta Isaías, da 1ª leitura (Is 60, 1-6), que acolheu a luz que brilhou sobre ela e se tornou portadora desta luz, para que assim, sejamos de fato, homens e mulheres que irradiam a luz de Cristo sobre cada um de nós. Sejamos nós capazes, mesmo nas trevas, que muitas vezes nos rodeiam, sejamos capazes de irradiar a luz, de levar a luz, da qual somos portadores, luz que brilhou na noite santa do Natal. Que possamos, não apenas hoje, mas todos os dias da nossa vida nos voltarmos ao Senhor e dizer:

Nós vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-lO!

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