Celebrando a solenidade de São Pedro e São Paulo, transferida do último dia 29, a liturgia nos conduz a contemplar a imagem de Pedro e Paulo, a contemplarmos a nossa própria imagem e a contemplar a imagem da Igreja. Igreja esta, que daqui a pouco estará em nossos lábios, como objeto da nossa fé, quando diremos: “Creio na Igreja una, Santa e católica”.
Ao contemplarmos a imagem de Pedro e Paulo vemos, claramente, um ensinamento, que jamais deveria ser esquecido por nós. Um ensinamento que nos mostra que Deus, ao longo de toda a história da salvação, ao longo da história da sua Igreja, sempre quis se utilizar de mediadores, de homens concretos, como eu e você, para realizar a sua obra. Para nos lembrarmos hoje, que mesmo que nós sejamos pecadores falhos e fracos, Deus continua se utilizando de nós.
Essa palavra nos faz reconhecer que Deus, de fato, como dizia Bento XVI, no início do seu pontificado, se utiliza de instrumentos insuficientes, para nos lembrar que a Sua graça é que prevalece, pra nos lembrarmos que a Sua ação é que prevalece em nossa vida. Não somos nós que decidimos, que fazemos o que bem entendemos, mas é o Senhor que age através de nós.
E ao contemplarmos Pedro e Paulo vemos, claramente, dois homens, com suas histórias concretas, com os seus erros, com suas fraquezas, com suas limitações, mas homens encontrados pelo Senhor e pela Sua graça. Homens que foram capazes de abrir seus corações e deixar que a graça de Deus fizesse a diferença e, mais ainda, homens que corresponderam a essa graça, que fizeram a sua parte.
Talvez este seja um dos grandes desafios da nossa vida, a graça de Deus nunca nos falta, nunca nos faltará. O que muitas vezes nos falta é a nossa correspondência, é a nossa participação, para que nós, a exemplo de Pedro e Paulo, também deixemos que a graça de Deus faça maravilhas na nossa vida, para que a exemplo de Paulo, nós também possamos dizer que a graça de Deus não foi estéril em nossa vida. Por isso, a liturgia de hoje nos faz reconhecer que nós também, pecadores limitados, podemos chegar a um grau de santidade da nossa vida, por causa da graça de Deus, porque essa graça de Deus nos é oferecida, abundantemente. Pedro e Paulo hoje nos motivam a fazermos, também nós, um caminho de conversão, a fazermos um caminho de maior sintonia, com a graça de Deus, que nos é dada todos os dias de nossa vida.
Mas ao mesmo tempo, a solenidade de hoje nos faz contemplar a Igreja. Não a Igreja templo, não a patota, o nosso grupinho, mas a Igreja de Jesus Cristo, querida e fundada por Ele e prefigurada no AT, no povo de Deus, convocado e peregrino. No evangelho (Mt 16,13-19), Jesus se encontra com os discípulos e se volta a Pedro e faz uma pergunta, pergunta essa, que faz brotar do coração daquele homem pecador, uma profunda profissão de fé: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. E o Senhor se volta para Pedro e diz: Tu és Pedro, tu és fraco, tu és limitado, mas sobre esta pedra, sobre a pedra da tua profissão de fé, Eu edificarei a minha Igreja. Não é a nossa, não é a que nós fundamos, não é a que os apóstolos fundaram, é a querida por Jesus, edificada por Ele sobre a profissão de fé de Pedro, sobre a rocha daquela fé professada diante do Senhor e dos seus apóstolos.
Meus irmãos, não podemos rasgar essa página do evangelho, não podemos querer interpretá-la do nosso jeito, a palavra é clara, e nos mostra, com toda a clareza, o desejo do Senhor de convocar o Seu povo, de formar o Seu povo, de edificar a Sua Igreja sobre a profissão de Pedro. Talvez eu e você escolhêssemos o João, talvez outro apóstolo, mas a decisão não é nossa, a decisão não é democrática, a decisão é do Senhor, é hierárquica, Ele é quem decide, é Ele quem toma a decisão. Talvez nós até pudéssemos pensar, mas por que Pedro? Teremos que esperar um pouco mais, para depois encontrar Jesus e perguntar-lhe: por que escolheu Pedro? por que o Senhor não escolheu outro?
Temos que aguardar, porque essa resposta nós ainda não a temos, e ao mesmo tempo, é preciso que nos lembremos de que, ao longo dos séculos, o Senhor continuou e continua conduzindo a sua Igreja. Hoje, através do Papa Francisco, sucessor de Pedro. Essa palavra também hoje, nos questiona, profundamente, quando ouvimos tantos anúncios como se fossem anúncios proféticos, de um anúncio de desgraça. De uma Igreja que está em crise, prestes a acabar… Meus irmãos, estamos há séculos nessa Igreja! Essa Igreja acabou? Não! Acabará? Também não! Eu e você vamos passar e ela vai permanecer ao longo dos séculos.
Eu edificarei a minha Igreja, é palavra do Senhor, para cada um de nós, e deixa claro, para todos nós, que o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Podemos danificá-la, com nossos erros, podemos atacá-la, podemos denegri-la, mas o poder do inferno nunca poderá vencê-la, nunca é nunca! Nós estamos aqui, provando que essa palavra é verdadeira, porque há quantos séculos essa Igreja é perseguida, caluniada mal tratada, difamada! O poder do inferno nunca poderá vencê-la! E ao mesmo tempo, essa palavra nos convida hoje, a ter um olhar de fé sobre essa Igreja, e ao mesmo tempo, um olhar de fé sobre aquele colocado pelo Senhor, à frente da sua Igreja.
Na narrativa dos Atos dos Apóstolos (At 12,1-11), na primeira leitura, depois da morte de Tiago, Herodes manda prender Pedro e o que a Igreja faz? A Igreja orava, incessantemente, por ele! É um Igreja que permanece unida, pedindo a Deus a graça para aquele que Ele escolheu para conduzir a Sua Igreja.
E hoje, infelizmente, o que nós vemos? Muitas vezes, homens e mulheres da Igreja, atacando o Santo Padre o Papa, falando mal do Santo Padre o Papa! Quem somos nós, quem de nós tem o direito de atacar o Papa, de apontar o dedo para o Papa, quem de nós tem a graça da assistência do Espírito, que é dada a ele? É preciso que nós aprendamos a ser católicos mais humildes, homens e mulheres de fé, que creem que de fato, Deus conduz a Sua Igreja, hoje, através do Santo Padre, o Papa Francisco.
Que assim, todos nós, hoje, possamos dizer: creio na Igreja una, santa, católica e apostólica, feita por mim e por você, homens e mulheres pecadores, mas assistida pelo Espírito de Deus.
Que assim, sejamos capazes de seguir o exemplo de Paulo, na segunda leitura (2Tm 4,6-8.17-18) e reconhecer que, de fato, dia após dia, Deus nos dá a graça de combatermos o bom combate, de guardarmos a fé e esperarmos, para que um dia, o Senhor, justo juiz, conceda-nos a coroa da vitória, a coroa imperecível, a nós, que nEle esperamos, que nEle confiamos. Que não nos esqueçamos jamais, do que Paulo dizia: o Senhor esteve ao meu lado, me dando forças. Esteve ao seu lado, como está ao nosso, como está ao lado do Papa, como está ao lado da Igreja, como está ao lado de cada um de nós, que nEle cremos.
Que nada, nem ninguém, possa tirar de nós a fé em Jesus Cristo e na Sua Igreja. Que ao contrário, que a cada ataque, que a cada perseguição, que a cada palavra maldita, nós fortaleçamos a nossa fé e possamos reconhecer que de fato, estamos onde deveríamos estar, estamos no lugar certo, porque o Senhor acabou de nos dizer: Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja e o poder do inferno nunca poderá vencê-la.
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