Se existe algo que todos nós queremos, desejamos e buscamos, é a felicidade. Todos nós a desejamos, todos nós a almejamos, todos nós fazemos de tudo um pouco, para sermos felizes.
Mas se alguém nos perguntasse hoje, o que é preciso para ser feliz? O que você deve fazer para ser feliz? Hoje a liturgia da palavra acabou de nos dar uma resposta: “Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos” (SL 127) A resposta que eu e você recebemos pra essa pergunta está, exatamente, neste salmo. Felizes são aqueles que temem o Senhor, mas também que trilham os seus caminhos.
Se estamos aqui, é porque somos homens e mulheres tementes a Deus. Mas não apenas O tememos, mas também trilhamos os seus caminhos. E é preciso que nós, de fato, entendamos, que muitas vezes nós podemos até nos tornar pessoas tementes a Deus, mas não trilhamos os seus caminhos.
Se olharmos bem, ultimamente, durante a campanha eleitoral, o que nós vimos de homens e mulheres tementes a Deus chegou a nos impactar, porque eram muitos, mas trilhavam, trilham os seus caminhos? Ou apenas temiam a Deus, ou pior ainda, tinham medo de Deus.
O que acontece conosco, tememos a Deus ou temos medo de Deus? São duas coisas distintas. Nós não temos medo de Deus, Deus que é nosso pai! Não nos causa medo, ao contrário, nos causa segurança, esperança, alegria e felicidade, e por isso nós, também, ao reconhecermos que somos seus filhos, que dependemos dEle, que somos suas criaturas, nós, de fato, O tememos, O respeitamos, O reconhecemos como o Senhor da nossa vida.
No Livro dos Provérbios nós percebemos, com toda clareza, o exemplo descrito pra nós, de uma mulher virtuosa, e que como síntese das suas virtudes, termina o … sagrado, dizendo: “A mulher que teme o Senhor, merece louvor” (Pr 10 -30}, mostrando, claramente, que aquele homem, aquela mulher que temem a Deus, trilham os seus caminhos, provam, na sua vida, concreta, a cada dia, o que significa temer a Deus.
Porque não basta temer a Deus e não trilharmos os seus caminhos. Desse modo, nós podemos viver numa feliz expectativa para a volta de Jesus, para a sua manifestação plena, como Paulo nos lembrava ( 1Ts 5,1-6 ), quando os tessalonicenses, preocupados com a vinda de Jesus, queriam saber o dia, queriam saber a hora… Mas por que vamos ter medo da sua vinda? Nós até dizemos, ‘quem não deve não teme’. Se estamos com Ele, se estamos, como diz Paulo, vivendo como filhos da luz, vivendo com as obras da luz, nós não temos do que ter medo. Ao contrário, estaremos sempre prontos, mais ainda, desejamos que o Senhor volte, é o que dizemos a cada celebração, quando proclamamos, “Vinde, Senhor Jesus, volta Senhor Jesus”.
Nós desejamos que Ele venha, não temos medo da sua vinda, porque estamos com Ele, caminhamos com Ele, nós O tememos, nós trilhamos os seus caminhos. E por isso, não temos o que temer, porque não seremos supreendidos, porque sabemos que Ele voltará. A sua vinda não nos pegará desprevenidos, não seremos surpreendidos, como quando somos assaltados. Ele não virá pra mim, nem pra você, como um ladrão, porque nós já O esperamos. Nós sabemos que Ele virá.
Mas neste tempo de expectativa pra sua vinda, nós somos convidados a escutarmos o evangelho, olharmos para nossa vida e reconhecer que o Senhor fez o mesmo conosco. O mesmo que fez com estes servos, confiou a nós talentos, confiou a nós o principal talento, o principal dom, a nossa própria vida!
O maior dom, o maior talento que Deus deu a mim e a você, é a nossa vida. E o que nós estamos fazendo com ela? Fazemos com que ela frutifique, se multiplique, que produza frutos? Ou ao contrário, estamos fazendo o mesmo que este servo mau e preguiçoso? Enterramos o dom de Deus, enterramos o talento, enterramos a nossa vida. É interessante destacar, que o evangelho é claro, quando diz que esse homem confia a um, cinco, a um dois, a outro um. Todos receberam alguma coisa, cada um a seu modo, pra nos lembrarmos de algo que é difícil de aprender, que nós somos diferentes, temos dons diferentes, talentos, carismas diferentes, nossa vida é diferente. Nem irmãos gêmeos podem dizer que são plenamente iguais. Somos seres individuais, Deus nos fez, individualmente, cada um com a sua história, cada um com o seu carisma, cada um convidado, impulsionado por Deus, a fazer frutificar.
Este evangelho hoje, questiona profundamente, cada um de nós, nos leva a uma pergunta: o que estou fazendo com a minha vida? O que estou fazendo da minha vida? O que eu fiz da minha vida? A minha vida de fato é dom? A minha vida, de fato, se multiplicou, produziu muitos frutos? Ou ao contrário, não estou vivendo de uma forma fértil, frutífera, rica? O que nós estamos fazendo, meus irmãos, com este grande talento que Deus nos deu, que se chama a vida? Este dom, um dia, será devolvido, porque nem a vida é propriedade nossa. A vida é dom de Deus, confiada a mim e a você, e um dia Ele nos chamará de volta e pedirá contas a nós. O que fizemos da nossa vida?
Que a liturgia da palavra, de hoje, nos impulsione a um caminho profundo de conversão, e nos ajude a crescermos na fé, a crescermos na nossa caminhada, e assim, a cada dia, nos tornarmos mais ainda homens e mulheres tementes a Deus, pela força do espírito, porque é ele que nos dá o dom do temor de Deus, mas que este mesmo espírito nos impulsione, para que nós trilhemos sempre os caminhos do Senhor, e não os nossos. Para que assim, nós, de fato, vivamos o que acabamos de professar, porque nós cremos que felizes são os que temem o Senhor e trilham os seus caminhos.
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